A área rural do passado hoje se destaca por parques, imóveis de alto padrão, comércio e clubes.
Aceita um chá? Na história do bairro do Morumbi, a pergunta faz sentido, pois a região já abrigou a Fazenda Morumbi. O nome vem do tupi-guarani e especula-se algumas possíveis origens: “mberu-oby”, que significa “mosca verde” ou, aludindo à topografia, vindo de “murundu-oby”, “colina verde”. Nessa propriedade introduziu-se o cultivo de chá da Índia no Brasil.
A área pertenceu ao inglês John Rudge, que dizem ter vindo com a corte portuguesa quando esta fugiu pelo mar das tropas de Napoleão, em 1808. Doada pelo rei D. João VI, foi fundada em 1813 e seu mais antigo documento data de 1825. Seu legado sobrevive em duas construções tombadas como patrimônio histórico municipal em 2005: a Casa da Fazenda e a Capela da Fazenda, ambas feitas de taipa de pilão e com a Casa sendo reconstruída parcialmente em 1920. Elas foram cenários a várias obras dramatúrgicas, como a novela “Beto Rockfeller”.
A grande propriedade iria se fracionar de 1840 em diante e o ambiente outrora rural sofreria muito no início do século passado, com pragas que afetaram as plantações, o que favoreceu a criação de lotes menores. Deles surgiria o processo de urbanização iniciado em 1948 pelo engenheiro Oscar Americano, parte de um fenômeno que mudou bastante o perfil de São Paulo a partir dos anos 1950. O primeiro grande eixo do bairro concentrou-se na avenida São Valério, à época uma das poucas ligações entre a avenida Francisco Morato e o bairro de Cidade Jardim.
Os terrenos vendidos pela Companhia Imobiliária Morumby logo atraíram moradores de alto poder aquisitivo querendo tranquilidade e certa distância do centro. Esse perfil reflete-se ainda hoje no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,938, compatível com o da Austrália.
Com o tempo, outras estruturas surgiram. Um marco importante é do São Paulo Futebol Clube, que se transferiu do Canindé ao inaugurar em 1960 o estádio Cícero Pompeu de Toledo, o popular estádio do Morumbi, projetado por Vilanova Artigas. Em 1960 também seria fundado o Clube Paineiras do Morumby, cujo projeto de sede é de Carlos Barjas Millan. Lina Bo Bardi, ícone da arquitetura, foi uma das primeiras a morar no bairro: sua Casa de Vidro é de 1951 e foi tombada pelo Condephaat em 1987.
Em 1965, a sede do governo estadual mudou-se para o bairro com a abertura do Palácio dos Bandeirantes. Dois anos depois, foi inaugurada a sede da TV Bandeirantes e, em 1971, surge o Hospital Albert Einstein, que em 2000 seria acompanhado do Hospital São Luiz. Em 1974, o colégio Visconde de Porto Seguro inaugurou seu atual prédio e quatro anos depois surgiu o colégio Miguel de Cervantes. Porém, antes disso, já havia escolas de alto padrão, uma vez que a Escola Graduada Americana (Graded School) e o Colégio Santo Américo foram para o bairro em 1961 e 1963, respectivamente.
Com o crescimento residencial, o comércio também surgiria e hoje conta com shopping centers como Jardim Sul, Cidade Jardim e Morumbi Town, parte de um sistema composto também por uma série de lojas e serviços espalhados pelo bairro.
A vocação originalmente rural está nas raízes do Parque Burle Marx, originalmente localizado onde era a Chácara Tangará, onde hoje também é o Panamby. Nos anos 1940, iria ter a jamais concluída mansão do empresário Baby Pignatari, que queria fazer a maior casa das redondezas. Ficaram só os jardins de Roberto Burle Marx, que em conjunto com um remanescente de mata atlântica compõem a área verde inaugurada oficialmente em 1995. O que era para ser a casa de Pignatari tornou-se o Hotel Palácio Tangará. A esse parque somam-se também praças famosas como Alfredo Volpi, Vinícius de Moraes, Poeta Carlos Drummond de Andrade e outras que reforçam a alta arborização.
Edifícios de apartamentos acentuaram sua presença na paisagem a partir dos anos 1980, principalmente nas redondezas da avenida Giovanni Gronchi. Outros pontos onde se concentram são as imediações da praça Alfredo Volpi, do Parque Burle Marx e dos cemitérios da Paz e Gethsêmani.
A Bamberg orgulha-se de há 35 anos ser parte dessa história. Tome um chá conosco e vamos falar sobre seus desejos, mas se quiser temos café. E também apartamentos, casas, lofts, studios, terrenos e diversas outras opções para seus sonhos.